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Reportagem Especial

Espetinho da Vera, o maravilhoso sabor da mudança de vida

Fonte: Primeiraempresa.com
Data: 25/03/2021 19:43
Atualizado em 22/10/2024 01:00

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A caxiense Vera Lúcia Souza Costa (47) foi provada em vários obstáculos que por vezes tentaram impedir sua conquista profissional. Usando dos ingredientes da Persistência, Dedicação e de notória, simplicidade, ela modificou sua história e de sua família, e mantêm há 18 anos o mais consolidado Espetinho da Cidade.

De quantas lutas se faz um vencedor? Uma? Duas? Três? Esse questionamento dirige-se aqui a alguém que sem dúvida prova por meio do sabor de suas mãos e de uma incontestável dedicação no trabalho, o quanto merece receber o título de "Vitoriosa".

Até os vinte anos de idade a popular “Vera do Espetinho” – como é popularmente conhecida - tinha como rotina a prova amarga de vivenciar uma vida acometida de privações financeiras, onde já lhe parecia ser comum não ter o básico para viver. “Provei de situações complicadas

financeiramente, mas, desde criança nunca encarei isso como o fim; cada obstáculo, transformava-se para mim como trampolim para alçar voos mais altos”, diz Vera.

Bem verdade os trampolins que Vera fincava força nem sempre respondiam a altura de seu voo. “Sendo sincera eu não tinha muita perspectiva de onde queria ir, só sabia que não queria continuar aonde estava, na vida que levava. Tive uma infância sofrida. Ao me casar, o sofrimento se multiplicou muito mais. O que mais salvou foi a certeza que trazia em meu coração que de alguma forma ou de outra, iria aparecer algo que iria mudar minha Vida,” pontua.

Na primeira grande perspectiva de mudança de Vida, Vera aceitou sair de Caxias e ir se locar em São Paulo – SP. Não estava aí o sucesso de Vera, e como refletido por ela, foi em si uma fase de grande frustração. “Passei cinco anos em São Paulo e digo a todos que foram os anos mais terríveis de minha Vida. Lá nada deu certo pra mim, nem conjugal nem profissionalmente. Na verdade, nem sequer trabalhei lá durante todo esse tempo", relembra.

Nas memórias de Vera morar em São Paulo foi um "tiro no pé", pois na imensidão de possibilidades em que pudesse vir a trabalhar, sua baixa escolarização – Vera somente estudara até a 4ª série – serviu de empecilho para que pudesse conseguir um emprego que enfim mudasse sua vida. 

Desiludida do casamento e de igual modo desiludida das oportunidades que São Paulo pudesse vir a lhe proporcionar, Vera então, decididamente retorna à Caxias no ano de 2003, e traz em sua bagagem sonhos frustrados, uma situação financeira nada boa e um casal de  filhos: Eduarda Crisny – hoje com 30 anos, e Ewerton Costa – hoje com 27 anos. Ao chegar em Caxias ela coloca-se novamente na casa de sua mãe e mesmo desanimada, tinha em sua mente que deveria encontrar de alguma forma, um jeito para ao menos poder sustentar a si e a seus filhos.

“Eu particularmente me enxergava incapaz para fazer muita coisa, porém tinha algo que sempre soube fazer bem: a arte da culinária. Tem gente que diz que até um ovo frito que faço sai mais gostoso do que o habitual (rsrs)”, coloca.

Foi então nesse momento de grande sofreguidão, que a ideia do Espetinho surgiu. “Muitos pensam que a ideia de montar o Espetinho da Vera é minha; mas, não é! Essa ideia partiu do meu então cunhado Evaldo Petrosa", argumenta.

Evaldo, ao andar por Teresina e outras capitais brasileiras observou que esse mercado da venda de Espetos estava em ascensão e sempre que encontrava com Vera reforçava pra ela que, por saber cozinhar de forma magistral, ela deveria colocar a venda de espetinhos.

Vera admite que se sentia tentada em colocar a venda de espetinhos, pois sofria alguns apertos financeiros, mas, sincera, diz que na época sentia-se também envergonhada em pôr esse ramo de venda. “Naquela época, acredito que por ter uma mente menos amadurecida, ainda me apegava a pensamentos alheios. Tinha preocupação com o que povo ia achar, e equivocadamente pensava que iriam achar algo menos interessante do que qualquer outro trabalho, algo vergonhoso, mesmo. Olho pra trás e vejo que isso não passou de bobagem da minha cabeça,” reflete.

Depois de muita persistência o cunhado da Vera montou um carrinho de espetos para ela trabalhar. Um carro na verdade bem simples, pequeno. Inicialmente, Vera começou a vender espetinhos nas ocasiões de festas, principalmente no antigo clube de festas caxiense “Espaço do Forró”. Nessa fase o prato se resumia somente no Espeto das Carnes bovinas, suínas e aves (frango) acompanhado de Farofa. Vera admite que não havia lucro nenhum nesse momento. 

Já desanimada, Vera pensou até em desistir da venda dos espetinhos, mas, como de praxe, novamente seu cunhado Evaldo Petrosa, lhe deu a ideia dela vir a fixar a venda de espetos em um local estratégico de grande aglomeração popular, e assim ele lhe indicou a fixar a Venda de Espetinhos na Praça Gonçalves Dias (Caxias-Ma). Vera mesmo desanimada e ainda com resquícios de envergonhamento, se locomoveu então para lá. Como dito por ela “a precisão era bem maior que a vergonha.”

Estabeleceu-se então uma dança pra encontrar a clientela pretendida. Primeiro, ela pôs a venda pela parte da manhã, mas, não deu certo. Depois, pela tarde, ao lado do outrora Banco do Estado do Maranhão, o que também não funcionou. Passados esses dois momentos de notório insucesso, Vera então decidiu - influenciada por seu cunhado Evaldo Petrosa - a pôr o Espetinho a noite. “Aí foi um

tiro certeiro, pois os clientes começavam a surgir. Ao passo que surgiam clientes, perseguições e dificuldades foram também aparecendo. E nessa fase trabalhava sozinha em todas as funções do espetinho.”

Rotineiramente, nessa fase, Vera não tinha ajuda do seu então esposo, pois dizia sentir vergonha desse tipo de trabalho. Contradições de pensamentos e então eles se separaram. Desnorteada sentimentalmente Vera destemidamente apostando em seu trabalho, deu continuidade ao 'Espetinho da Vera'.

Nesse meio tempo Vera alugou uma casa perto então do seu local de trabalho, para facilitar sua locomoção, tendo em vista que não detinha de transporte nem mesmo para fazer as compras das carnes. “Eu comprava esses produtos ainda cedo da manhã e fazia isso a pé; posteriormente, minha mãe me deu uma bicicleta Monark, a qual minha filha apelidou de “Burra Preta” pra ajudar nisso (rsrs)”, diz ela.

Tão grande o sucesso do 'Espetinho da Vera'. Tão grande também foram as perseguições para tentar eliminá-lo da Praça Gonçalves Dias. “Alguns empresários situados nessa localização, começaram a implicar com a venda do meu espetinho. Falavam de tudo, da fumaça, da sujeira que eles diziam ficar na calçada, entre outros; na verdade eu e meus clientes sabíamos que essa implicância se fazia existir por causa da concorrência na qual o 'Espetinho da Vera' estava sempre ganhando," pontua.

Por causa disso, o Espetinho da Vera veio a se locar em outro ponto, precisamente no início do Calçadão do perímetro da Praça Gonçalves Dias. Vera, no entanto, trabalhando sozinha não tinha como satisfazer todas as demandas do Espetinho. 

O destino então lhe faz conhecer o churrasqueiro Valdilson Santos Oliveira (31), o popular “Guel”. Guel trabalhava em outro espetinho próximo da Vera; e por meio de um convite da Vera ele veio a contribuir com ela em seu Espetinho.

“O Guel foi de extrema importância para o sucesso do Espetinho da Mãe; pois foi através da ajuda dele que o Espetinho conseguiu atender uma maior quantidade de gente e com menos demora. Sem contar que o Guel acreditou também no negócio do Espetinho, pois trabalhou com a mãe durante 1 ano, sem ganhar nada por isso.” Diz, Eduarda Crisny – filha da Vera.  

Com a ajuda de Guel, e o Espetinho já ornado com Arroz, Macarrão, Salada, Purê e Carne, o Pioneiro Espetinho da cidade de Caxias (MA), 'Espetinho da Vera', enfim consolidou-se como mais procurado Ponto de Espetinho da Cidade. 

“Ficamos surpreendidos com a rapidez com que ganhamos clientela assim que mudamos para o ponto do calçadão na Gonçalves Dias, pois com o negócio desenfreando foi preciso que Vera adquire-se um carro de espetos maior, com bancada ampla. Chegamos a vender em uma única noite estando por lá, 8 panelões de arroz", relembra Guel.

Vera relata que não se enxergava trabalhando em outro ponto, porém depois de 9 (nove) anos com seu Espetinho localizado no calçadão da Gonçalves Dias, ela precisou pensar em um novo lugar para trabalhar. Dessa vez por causa da implicância dos Lojistas do calçadão.

“Diariamente eu e Guel nos deparávamos com uma nova história, um novo disse-me-disse, e isso foi ganhando uma proporção insuportável. E que culminou com o fato seguinte – era período natalino, já tínhamos montando tudo, e quando foi pra começar a vender, a Polícia chegou com um mandato de que deveríamos sair do calçadão, imediatamente. Poderíamos ter procurados recursos, mas já estávamos saturados de tanta perseguição,” coloca Vera. 

Sem prumo, mas convictos de que deveriam continuar, eles então foram se locar no ambiente  “Galpão”, perto da Igreja Católica da Catedral e ficaram com a venda do 'Espetinho da Vera' durante 1 ano por lá. 

Mesmo mantendo a clientela, essa foi uma fase difícil pro 'Espetinho da Vera', o que lhe obrigou a lidar com diversos trâmites financeiros para angariar dinheiro. 

Passado esse ano de dificuldades no Galpão, Vera então resolveu novamente começar do zero e instalou seu Espetinho no térreo de sua residência (Travessa Rodoviária, 202 – Volta  Redonda). E como pode ser observado, os clientes fiéis do Espetinho da Vera acompanharam novamente essa migração do espetinho mais saboroso da cidade. 

“Tem gente que me pergunta qual o segredo do meu Espetinho, o que tem de diferente? Eu sempre respondo que o que faz o Espetinho da Vera ter o renome que tem é por que antes de mais nada ele é feito em todas as suas fases, com muita Dedicação e Amor,” conta satisfeita, Vera.

Com o dinheiro do Espetinho Vera já comprou casa - padrão classe média - carro, e tem um padrão de vida estabilizado. É motivo de muito orgulho para seus filhos, e do seu companheiro de vida e trabalho, Guel. Sua filha Eduarda Crisny emocionada relata: “Minha Mãe é a pessoa mais importante que tem na minha vida. É a base de tudo pra mim e meu irmão. Admiro muito ela por ser tão perseverante, guerreira e nunca ter perdido que seu sorriso farto se perdesse em meio a dificuldades. De igual modo, admiro e quero um bem enorme ao Guel, que é um companheiro maravilhoso pra minha mãe e um exemplo de Pai pra mim e meu irmão. De fato, os dois são referências; exemplo a serem seguidos."

Simples, alegre e modesta, Vera tem na venda de seu espetinho seu alicerce de vitória. E nele somente ela cozinha. Fidelizando seus clientes com qualidade e dedicação no trabalho que faz. 

O Espetinho mais famoso da Cidade tem todo o seu esqueleto esquematizado por ela, que nunca fez curso culinário, mas que por meio do seu talento com os pratos, faz do 'Espetinho da Vera' ser o mais requisitado ponto de espetinho da cidade de Caxias (MA).

Vera que é avó da linda Tessália (9 anos) e cria também um lindo sobrinho, o Álvaro (12 anos), agradece as perseguições que se colocaram em seu caminho. Como dito pela mesma, foram elas, as perseguições, que fizeram uma caxiense sofrida em uma caxiense pioneira no seu ramo e Vitoriosa no seu trabalho.

REPORTAGEM JACINTO FERREIRA 

 

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